Dr. Mukwege breaks the silence in Porto Alegre by FRONTEIRAS DO PENSAMENTO

Dr. Mukwege breaks the silence in Porto Alegre by FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
Denis Mukwege and Marcos Rolim (clik on the picture above - part 1)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Reuters/Reuters - Government army FARDC soldiers stand in a line in an army barrack as they return to Goma December 3, 2012. REUTERS/Goran Tomasevic







Por
LUCIANA MARTINEZ 


RIO - Uma das maiores cidades da República Democrática do Congo, na África, foi tomada por rebeldes no último dia 20 de novembro, em uma guerra que pode redefinir a região, mas tem pouca atenção da comunidade internacional. Dias depois de tomar Goma, capital de Kivu do Norte, membros da milícia M23 permitiram a volta de autoridades congolesas, mas o clima na cidade ainda é de medo e tensão (os rebeldes estariam ainda a menos de 2 quilômetros da região). O governo acusa Ruanda, a menina dos olhos de ouro do Ocidente na África, de inflamar o conflito, e analistas da ONU denunciam a participação do presidente ruandês, Paul Kagame, na desestabilização do leste do Congo, região rica em minérios.

Para analistas, o apoio de Ruanda ao M23 tem raízes históricas e econômicas. A região do Kivu é rica em minérios e, há anos, Kigali se aproveita ilegalmente dos recursos do país vizinho. Estima-se que o governo ruandês tenha ganhado milhões de dólares apoiando movimentos rebeldes congoleses que controlam minas no país e contrabandeiam minérios para Ruanda, que os exporta para o resto do mundo. Além disso, os rebeldes do M23 são em grande maioria tutsi, mesma etnia dos que hoje governam Ruanda e que nos anos 90 foram massacrados pelos hutus.O Movimento 23 de Março, conhecido como M23, é formado por uma milícia que conta com antigos membros do Congresso Nacional pela Defesa do Povo (CNDP), um movimento armado fundado pelo general tutsi Laurent Nkunda. Eles acusam o governo de não cumprir o acordo de paz de 2009, mas não especificam termos para negociar com o presidente Joseph Kabila e desde abril passado lançam uma ofensiva contra o leste do país. Nkunda e a milícia M23 são acusados de uma série de graves violações de direitos humanos, como estupros em massa e o recrutamento de meninos-soldados.
- Sendo largamente de etnia tutsi, esse movimento recebe forte apoio logístico, financeiro e de armamento diretamente de Ruanda; acredita-se que a cadeia de comando vá até o próprio ministro de defesa em Kigali - explica o professor de Relações Internacionais da PUC-Rio Kai Michael Kenkel, acrescentando que Uganda também envia ajuda ao M23. - O M23 enfrenta regularmente as Forças Democráticas para Libertação de Ruanda (FDLR), organização hutu herdeira dos perpetradores do genocídio em Ruanda.
Apesar das denúncias do governo do Congo e da própria ONU, Ruanda nega envolvimento com o M23, mas não esconde simpatias pelo movimento. A chanceler ruandesa, Louise Mushikiwabo, por exemplo, disse em meados de 2012 que seu país deveria exercer algum tipo de controle no leste do Congo, já que historicamente o território pertenceria a Kigali. O presidente Paul Kagame, por sua vez, se recusa a condenar os rebeldes, ignorando a pressão internacional.
A menina dos olhos de ouro do Ocidente
Desde o genocídio de tutsis, em 1994, a comunidade internacional defende Ruanda, negando os relatos de influência no conflito no Congo. A cada ano, Kigali recebe cerca de US$ 1 bilhão de ajuda internacional, o equivalente a quase metade de seu orçamento anual. Em julho, vários governos ocidentais suspenderam o envio de verbas para Ruanda, após relatos de que o país estaria armando os rebeldes no Congo, mas muitas instituições internacionais, como o Banco Mundial, continuam a dar empréstimos para o governo de Kagame.
- Apesar de vários governos ocidentais condenarem fortemente o apoio da Ruanda ao M23, o governo americano hesitou em fazer o mesmo e só nesta semana condenou o movimento. Alguns estimam que a força motriz desse apoio (Ruanda) seja um sentimento de culpa para com os tutsi, atualmente no poder, depois de terem se recusado a agir para pôr fim ao genocídio contra esse povo em 1994 - explicou o professor Kenkel. - Além disso, Washington confia na pessoa de Kagame para manter o difícil equilíbrio no país e prefere o diálogo construtivo a uma condenação pública pela ONU.
Alguns países dizem que pressionar Ruanda poderia gerar ainda mais instabilidade na região, um argumento que parece ignorar o papel de Kigali na desestabilização do Congo. Em artigo para a “Foreign Policy”, o jornalista indiano Anjan Sundaram, autor do livro “Stringer: a reporter's journey in the Congo” (que será lançado no ano que vem), acusou organizações de ajuda humanitária de ter medo de perder o que consideram um modelo de desenvolvimento na África: desde 1994, Ruanda vem apresentando constante crescimento econômico.
A retomada do conflito em abril passado pôs fim aos poucos anos de gradual progresso no leste do Congo, onde algumas regiões perto de Goma tinham sido estabilizadas, pela primeira vez desde 1996. No último dia 15, o presidente congolês, Joseph Kabila, prometeu uma iniciativa para unir o país.
Hoje, rebeldes e representantes congoleses tentam negociar uma saída para o conflito em Uganda. Kabila afirma que o diálogo deve “estabelecer e esclarecer responsabilidades”, mas não deu detalhes sobre o andamento das negociações e é difícil de se imaginar um fim pacífico para o conflito. Enquanto isso, quem mais sofre é a população.
- Minha família e eu estamos cansados de guerra. Vimos exércitos do governo e de diferentes grupos rebeldes, agora isto (o M23 em Goma). Não temos escolha. É um problema de liderança - disse um morador de Goma, de 50 anos, ao portal Irin, logo após a invasão de novembro.

Fonte: 
http://oglobo.globo.com/mundo/congo-guerra-que-voce-nao-ouviu-falar-em-2012-7144152

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