Dr. Mukwege breaks the silence in Porto Alegre by FRONTEIRAS DO PENSAMENTO

Dr. Mukwege breaks the silence in Porto Alegre by FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
Denis Mukwege and Marcos Rolim (clik on the picture above - part 1)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O ZUMBI

 Obra de Scheary Clough Suiter : Man Alone

Por
Milton Paulo de Oliveira

O homem pós-moderno dá voltas sobre si. Isola-se em grandes metrópoles. A interação é escassa. As  mídias o conferem o papel de  voyeur.   Dedica-se o tempo para o grande valor pós-moderno, o consumo. E esse consumo sustenta aqueles que o informam.  O ciclo se fecha. O homem passa de consumidor - a nova denominação de cidadão - para consumido. Consumido no pensar, refletir e agir. Não há tempo para isso! O homem, como um zumbi, perdido caminha na era da informação.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Paulo Pires e o Congo


Por
Paulo Pires
htwww.blogdopaulonunes.com/v3/2010/08/12/direto-da-praca-mundo-desigual-%E2%80%93-a-utopia-necessaria/




Paulo Pires é professor universitário

O Blog Cultura Zero Hora de 27/06/2010 traz na abertura de uma matéria sobre o Congo [Um país conflagrado] o seguinte: “Os médicos gaúchos Milton Paulo de Oliveira e Pablo Pase foram em 2008, à República Democrática do Congo, região central da África, como integrantes de uma missão humanitária organizada pelo grupo Smile Train (Trem do Sorriso), que se dedica a atender portadores de fissura labiopalatina (popularmente conhecida como lábio leporino)”.



Oliveira e Pase realizaram dezenas de cirurgias em Bukavu, na região oeste do Congo, onde ficaram instalados. Lá conheceram o médico Denis Mukwege, palestrante no ciclo Fronteiras do Pensamento. O blog publica imagens do arquivo pessoal de Oliveira, especialmente cedidas pelo autor, sobre Mukwege e a República Democrática do Congo.



Senhores: a coisa é para cortar o coração. É impossível ler o texto e ver as imagens sem se inquietar. Por diversas vezes manifestamos nosso repúdio às ações exploratórias de um País sobre outro. Jamais deixaremos de fazê-lo, porque consideramos isso um dos fatos mais medonhos da história contemporânea: Assistir uma Nação enriquecer explorando outra é uma das maiores iniqüidades que a Humanidade pode produzir.



No caso da República Democrática do Congo (ex-Congo Belga) a História relata fatos impressionantes. Os belgas, sob a regência do Rei Leopoldo II se instalaram na região por volta de 1878 e, anotem, só largaram o osso em 1960 (mesma data em que os franceses largaram o osso do outro Congo, o francês). É triste dizer, mas conhecendo a forma de relação dos exploradores europeus com os explorados africanos fica claro, muito claro, como essas nações enriqueceram tanto.



Convém lembrar que enquanto os europeus brigavam entre si, no próprio continente, buscando domínios territoriais, políticos e de mercado as coisas não andavam bem prá eles. Verificaram a burrada e a partir dessa observação, pararam de autodestruir material e humanamente. Para se ter idéia, em uma dessas guerras entre Alemanha e França ou foi Inglaterra e França, morreu quase a metade da população de cada país. Constatado isso, miraram outro Continente, o africano, com imensas áreas territoriais e riquezas subterrâneas espetaculares [ouro, diamantes, cobre, etc.], além de povos primitivamente armados que se constituíam em presas fáceis de serem conquistados e dominados. Partiram prá cima da África e se deram bem. Como se deram…



As investidas dos anglo-saxões, normandos, escandinavos e o diabo a quatro sobre o continente-vítima (a África) foram verdadeiras festas de arromba. A maior parte desses domínios se entendeu de 8 a 10 décadas (100 anos). Tempo suficiente para que os exploradores saíssem de lá com os baús cheios. Assinale-se ainda que depois de se empapuçarem explorando os africanos e outros (não nos esqueçamos da ladroagem da Inglaterra na índia e Hong Kong) os europeus fizeram uma notável Poupança Interna e nunca mais brigaram entre si. Ao contrário, procuraram unir forças para se robusteceram em um Mercado Comum. Neste ponto acertaram em cheio. Ao contrário dos nossos irmãos africanos que padecem até hoje sob a desunião.



A sensação é que depois de terem ido embora os “brancos” plantaram sementes de eterna discórdia no território africano. A germinação dessas sementes belicosas se espalhou por plantações, campos e construções, multiplicando ódios que atingem dos menores aos maiores latifúndios territoriais e mentais. É briga por todo lado. Genocídios e mais genocídios. Ninguém se ouve, se fala, se entende. Exceção para a África do Sul, que teve sorte em brotar sementes da qualidade de um Nelson Mandela.



O dado concreto – para usar uma expressão do senhor Lula – é que a África esperneia sob o peso de imensos bolsões de miséria. Todos os tipos de miséria: Política, social, econômica, patrimonial, moral, filosófica. O grande Mandela está em fim de carreira e o seu exemplo unificador não parece sensibilizar boa parte dos irmãos africanos. Eles não compreendem que quanto mais brigarem entre si, mais fracos ficarão. O mal onde está? Estaria apenas na desunião? Os europeus e os norte-americanos ao invés de gastarem 3 ou 4 trilhões de dólares em guerras ridículas, deveriam, em nome da boa geopolítica e do deus Mercado, destinar esses recursos para a explorada África. Seria até bom para esses gananciosos. Incorporariam aos seus interesses uma massa de consumidores que beira a casa de um bilhão de habitantes. Desse número, expressiva maioria encontra-se excluída da exuberância do consumo. Quanto mais se diminuir a distância entre ricos e pobres talvez seja possível um Mundo melhor. Insistimos nessa idéia e reiteramos que o Planeta precisa de reparos urgentemente. Somos fiéis a essa reflexão… Ou será que estamos errados?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Luiz Antônio Araújo conta uma história




Da esquerda para direita: Reitor da UFRGS Alexandre Neto, Denis Mukwege, Milton Paulo de Oliveira.
Vida natural

Vai um homem a cavalo pelo interior de Torres. Trabalha para a Comissão Rockfeller, órgão do governo americano destinado a promover a saúde na zona rural, onde vive a maioria dos brasileiros naquele início de século 20. O viajante não é médico nem enfermeiro, mas por força do ofício leva na bagagem um microscópio e remédios contra vermes.

De passagem por uma venda de beira de estrada, o cavaleiro assiste a uma briga. São muitos os motivos pelos quais se mata e morre em briga de bolicho – vingança, dívida, jogo, mulher –, mas a cena final é, invariavelmente, a que o viajante tem diante de si: um homem agoniza no chão de terra, o abdome aberto num talho, vísceras derramadas. Há correria, gritos e choro.

Incapaz de prestar atendimento adequado, a muitas horas de viagem do médico mais próximo, o recém-chegado decide fazer um último favor à vítima e aos familiares que em breve irão enterrá-la. Limpa o ferimento com água e creolina, recoloca as vísceras na cavidade e costura o talho com agulha e linha fornecidas pela dona da venda. Tempos depois, de passagem pelo lugar, pergunta pelo morto a um homem que fuma na porta do bolicho. O nativo olha-o e diz:

– O morto sou eu!

Acabo de ler essa história no livro Abrindo a Porteira, no qual o engenheiro agrônomo Zacheu Canellas narra mais de 40 anos de atividade extensionista no campo gaúcho. O homem a cavalo era seu pai. Exímio contador de causos, Zacheu assinala que o socorro na hora certa, com os meios disponíveis e uma dose de sorte, pode salvar vidas.

Ao ouvir o médico Denis Mukwege, que esteve em Porto Alegre na semana passada como convidado do ciclo Fronteiras do Pensamento, pensei na história de Zacheu. O relato de Mukwege sobre seu país, a República Democrática do Congo, deixa os que o ouvem com a respiração suspensa. Ele conta que, antes da independência, o rei Leopoldo II, da Bélgica, punia com o corte da mão os congoleses que não coletassem determinada quantidade de látex. Diz que o conflito atual no país, que já dura 10 anos, não é por poder ou religião, mas pelo controle de lucrativas minas de coltan e cassiterita. Lembra que o continente africano recebe 1% dos recursos mundiais de saúde, mas suporta as maiores taxas de mortalidade. Informa ter ouvido de um colega americano que o custo de uma cirurgia nos Estados Unidos poderia sustentar um hospital de 450 leitos por um mês na África.

Um dos saldos da passagem de Mukwege pelo Brasil é que a UFRGS alinhava um projeto de colaboração na área da saúde com instituições congolesas. É uma iniciativa quase simbólica. A universidade segue o mandamento do viajante de Torres: agir com os recursos à mão. Esperar pelos governos ou por eventuais “pais dos pobres”, nesse caso, pode caracterizar omissão de socorro. Em tempos de vida artificial e second life, nada mais salutar do que impedir que seres humanos pereçam.

Publicado no Jornal Zero Hora em 05 de julho de 2010

Luiz Antônio de Araújo, editor do Caderno Cultura ZH
No Coração da África Slideshow: Milton’s trip from Caracaraí, Roraima, Brasil to 2 cities Porto Alegre and Bukavu was created by TripAdvisor. See another Brasil slideshow. Create your own stunning free slideshow from your travel photos.

Marek Cihar´s preview film about Congo

CORNEILLE EWANGO ABOUT THE LANGUAGE OF GUNS

THE ZOMBIE

THE ZOMBIE
By Milton Paulo de Oliveira

Documentary on The Congo: BBC's An African Journey

O jornalista Misha Glenny levou vários anos investigando corajosamente as redes de crimes.

Dr. Seyi Oyesola. A África e o Médico